quinta-feira, 4 de março de 2010

O dia seguinte




O dia seguinte é um pássaro sem asas
Um monte desnudo com a pele fria
Uma borboleta calcinada no cérebro
Um cachorro mudo tragando saliva
É a impotência submetida à prova
É prova de submissão ante o incerto
É saber que nada somos na vida
além do que a vida queira.
O dia seguinte arde nos ossos
é uma pira interminável na cabeça.
Um pai arrependido ante seus filhos
um filho ajoelhado ante o sangue.
O dia seguinte é um complexo labirinto
com pegadas de escombros vermelhos
nas artérias geométricas do mundo.
É um sinal de interrogação e absoluto
onde a lágrima é um trejeito rebelde
que corre como fios de uma ferida
pelos poros desgarrados do instinto
pelos ocos leiloados das almas.-

Walter Faila

Traduçâo: Maria Lua