quinta-feira, 4 de março de 2010

O dia seguinte




O dia seguinte é um pássaro sem asas
Um monte desnudo com a pele fria
Uma borboleta calcinada no cérebro
Um cachorro mudo tragando saliva
É a impotência submetida à prova
É prova de submissão ante o incerto
É saber que nada somos na vida
além do que a vida queira.
O dia seguinte arde nos ossos
é uma pira interminável na cabeça.
Um pai arrependido ante seus filhos
um filho ajoelhado ante o sangue.
O dia seguinte é um complexo labirinto
com pegadas de escombros vermelhos
nas artérias geométricas do mundo.
É um sinal de interrogação e absoluto
onde a lágrima é um trejeito rebelde
que corre como fios de uma ferida
pelos poros desgarrados do instinto
pelos ocos leiloados das almas.-

Walter Faila

Traduçâo: Maria Lua

6 comentários:

Maria Lua disse...

O dia seguinte é um pássaro sem asas

É saber que nada somos na vida
além do que a vida queira.

Belo e triste poema!
Mravilhosa a imagen do pássaro
sem asas...
Um beijo, querido amigo Walter,
com muito carinho

Maria Lua

Pedro Casas Serra disse...

Precioso poema, Walter, y preciosa traducción, María. Un abrazo.

Walter Faila disse...

Obrigado Maria Lua, un beijinho amiga

Walter Faila disse...

Gracias Pedro por tu visita y comentario, abrazos para ti.-

Sérgio Bernardo disse...

Caro Walter, obrigado pelo poema. Caminhei por ele devagar, saboreando as metáforas, amanhecendo também nestes dias seguintes. Um abraço do amigo Sérgio Bernardo

Walter Faila disse...

valeu, um abraço Sérgio